No dia 20 de maio de 2020 nós, das Olimpíadas Especiais Brasil, realizamos a terceira de uma série de transmissões ao vivo, também conhecidas como “lives”, em nosso Instagram. Em meio a pandemia, decidimos fortalecer laços com a nossa comunidade através do canal que dispúnhamos no momento: o digital. Dessa forma, planejamos lives com temas de interesse do nosso público com uma média de 30 minutos por live, para que todos pudessem assistir sem se cansar!
Dessa vez tivemos a presença de nossa diretora administrativa, Ana Paula, como entrevistadora e como convidada, a ilustre atleta e embaixadora das Olimpíadas Especiais Brasil, Jackie Silva! Mas, antes mesmo da premiada voleibolista ingressar na live, Ana Paula se apresentou e falou um pouco da história das Olimpíadas Especiais. Para os que não conhecem ainda o movimento, ele nasceu nos EUA, na década de 60 e hoje está em 193 países ao redor do globo, explica. Ela também cita que embora “Olimpíadas” remeta a ideia de um evento que ocorre a cada quatro anos, não é disso que se trata as Olimpíadas Especiais, que contam com treinamentos e competições todo ano, o ano todo. Atualmente, a organização ainda transcende o esporte. Pensando na inclusão das pessoas com deficiência intelectual na sociedade, o esporte é visto como mais uma ferramenta dentre muitas outras como saúde de qualidade e educação inclusiva, por exemplo.
Depois dessa breve apresentação, Jackie entra na conversa e Ana Paula faz um resumo da trajetória da atleta que conta com três Olimpíadas (Moscou 1980 e Los Angeles 1984, como Vôlei de Quadra, e Atlanta 1996, como Vôlei de Praia), a primeira medalha olímpica de ouro feminina e uma passagem brilhante pelo Vôlei de Praia estadunidense. Jackie é embaixadora das Olimpíadas Especiais Brasil desde 2015, o que se dá não só pela carreira excepcional, mas também pela personalidade inquieta e questionadora, como aponta Ana Paula. Sempre muito solicita e disposta, a jogadora diz que sempre se surpreende nos eventos das OEB, principalmente, com o trabalho de todos para fazer dar certo e completa com
“(…) o coletivo é que dá certo”.
Nossa diretora citou que nossa equipe de Vôlei de Praia conseguiu ir aos Jogos Mundiais de Abu Dhabi e, inclusive, ganhar medalha de bronze, o que foi uma conquista incrível! Sendo assim, ela trouxe para a convidada perguntas dos atletas da equipe que com certeza tem Jackie como inspiração. A primeira pergunta foi da atleta Yasmin Ribeiro e foi sobre o nervosismo que ela sentiu em Abu Dhabi e como lidar com ele em quadra. A resposta de Jackie foi que mesmo os atletas mais experientes sofrem com o nervosismo e que é normal, mas que devemos pensar que só estar ali já é uma conquista e que durante o jogo temos que nos divertir e aproveitar aquele momento. A segunda foi feita pelo Jean Rangel, que começa relatando que era atleta de Futebol, mas que depois da medalha de bronze optou pelo Voleibol. Sua pergunta para Jackie foi qual recado ela dá para que mais atletas escolham o Vôlei.
Nossa convidada argumenta que o Vôlei de Praia é um esporte que nos conecta com a natureza, com a maciez da areia, o contato com o vento que você sente no rosto, o calor do sol e uma grande sensação de liberdade. Em seguida, a dúvida apresentada foi do atleta parceiro Everton que indagou a diferença do Vôlei de Quadra para o Vôlei de Praia para a entrevistada. Jackie disse que, mesmo que a dupla no Vôlei de Praia represente o coletivo, a Quadra é um conjunto que trabalha junto, colaborando, sabendo o espaço de cada um no time. Ela sente que o Vôlei de Praia parece funcionar mais individualmente que o de Quadra, que necessita de uma maior consciência coletiva e onde cada jogadora tem seu papel, podendo ser, inclusive, menos técnico e mais de integração de equipe, por exemplo. Por fim, a outra atleta parceira, Letícia, pede um conselho para atletas com deficiência que querem seguir carreira no esporte. O conselho de Jackie foi continuar treinando, não parar e insistir, pois o esporte faz bem e é para todos. Ela relata que recebe o mesmo feedback dos que trabalham com ela, dos mais novos aos mais velhos que, ao final dos treinos, os sentimentos de felicidade e superação prevalecem, bem como as conquistas que com o tempo os atletas adquirem.
Caminhando para o final, Ana Paula resgata o projeto da embaixadora, Atletas Inteligentes, que havia citado no início da live e pede que ela fale o que a inspirou a criar esse projeto e como ele funciona. Assim, a Jackie conta que ele foi iniciado na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde alunos de diferentes classes sociais treinavam, praticavam, viajavam e competiam durante um ano inteiro. Ela e sua equipe proporcionaram uma experiência muito gratificante para todos os participantes. Em sua opinião, a mistura de classes foi o mais especial, pelos encontros que ocorreram apesar das diferenças e essa troca entre os “mundos”. Esse projeto recebeu um prêmio da Unesco, em Paris. Neste momento, o projeto existe em uma escola de Duque de Caxias, no bairro da Figueira, que possui até quadra de areia. A iniciativa é aberta para toda a comunidade, desde que o atleta esteja matriculado em alguma escola da redondeza.
Para encerrar, Ana Paula faz um último quadro com a maior levantadora de todos os tempos em que elas trocam de lugar, nossa diretora “levanta a bola” para ela “cortar”. Jackie teve que responder a três palavras com o que vier na cabeça. A primeira foi ‘vitória’ e ela respondeu que a vitória está nas mínimas coisas nessa quarentena, podendo ser até varrer a casa! A segunda foi ‘obstáculo’, que levou a atleta a pensar em crescimento. Para fechar, ‘inclusão social’ foi a bola da vez e Jackie disse que vê como uma oportunidade, como um caminho que abrimos a alguém.
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