Exercício físico e sua relação com equilíbrio, risco de quedas e estilo de vida

 

Alisson Luiz Ribeiro de Oliveira – Mestre em Neurociências pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Fisioterapeuta pelo Centro Universitário Maurício de Nassau – UNINASSAU, Professor do Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA, Instrutor de Pilates, Diretor Clínico do Programa Atletas Saudáveis – FunFitness da Special Olympics Brasil

 

 

 

 

Adultos com deficiência intelectual apresentam maiores riscos à saúde em comparação com a população em geral, incluindo sobrepeso e obesidade, inatividade física e altos níveis de comportamento sedentário. A ausência de um estilo de vida saudável é um fator de risco para uma expectativa de vida mais curta, diminuição da qualidade de vida e maior dependência na realização de atividades na vida diária. Mais especificamente, um dos fatores associados é um atraso no desenvolvimento motor que os indivíduos com deficiência intelectual têm quando comparados com a população geral.
Essa repercussão motora afeta diretamente o controle postural e o equilíbrio das pessoas com deficiência. Dois mecanismos foram propostos para explicar o déficit de equilíbrio de jovens com deficiência intelectual: (1) o atraso no desenvolvimento cognitivo que também afeta a função motora; e (2) um estilo de vida inativo, levando a menores capacidades e funcionamento físico. Esse déficit de equilíbrio é uma séria preocupação para jovens com deficiência intelectual, uma vez que representa um importante fator de risco para quedas. De fato, as quedas são altamente prevalentes em jovens com deficiência intelectual e representam sua maior causa de lesão (fratura). Quanto maior o déficit de equilíbrio, maior o risco de queda e do surgimento de lesões relacionadas à queda.
Portanto, investir na melhoria do equilíbrio de jovens com deficiência intelectual tornou-se uma questão crítica para evitar quedas e possivelmente promover um maior engajamento e participação na atividade física. As intervenções que utilizam exercícios físicos gerais e específicos tem mostrado resultados benéficos nos diversos públicos. E, de fato, eles induzem adaptações nas estruturas e funções diretamente relacionadas com o controle postural, e desta maneira melhoram o desempenho e refinam a estratégia para manutenção da postura e equilíbrio. Atividades simples como ficar de um pé só, ficar de pés juntos, andar sobre espumas ou sobre uma linha reta, quando feitos com supervisão (de um profissional habilitado ou de um familiar) e segurança podem auxiliam numa melhora do equilíbrio. Além disso, outras intervenções com exercícios focados no fortalecimento muscular podem ajudar, dado o papel da força dos membros inferiores na capacidade de manter o corpo em equilíbrio.
Desta maneira, entende-se que para pessoas com deficiência intelectual, as intervenções através de exercícios físicos não estão somente ligadas a mudança de estilo de vida, mas que também são eficazes para melhorar aspectos específicos da saúde, como o equilíbrio, controle postural e risco de quedas. Não esquecendo que barreiras ambientais, apoio de outras pessoas e motivação pessoal são relevantes para a implementação de estilos de vida saudáveis para pessoas com deficiência intelectual.

Referências
Paillard T. Plasticity of the postural function to sport and/or motor experience. Neurosci Biobehav Rev 2017; 72: 129–52.
Sherrard J, Tonge BJ, Ozanne-Smith J. Injury in Young people with intellectual disability: descriptive epidemiology. Inj Prev 2001; 7: 56–61.
Borji R, Sahli S, Baccouch R, Laatar R, Kachouri H, Rebai H. An open-label randomized control trial of hopping and jumping training versus sensorimotor rehabilitation programme on postural capacities in individuals with intellectual disabilities. J Appl Res Intellect Disabil 2018; 31: 318–23.

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